General Assembly

A porta do número 9 leva para a General Assembly

A General Assembly foi onde começamos nossa expedição. Visitamos a unidade de Londres, um espaço super enxuto, que fica no alto de um edifício estreito. A primeira escola foi criada em Nova Iorque, no início de 2011, basicamente como um espaço de inovação para empreendedores e startups. A origem dela está ligada aos espaços de co-working: observando que as pessoas que trabalham nesses espaços acabavam aprendendo umas com as outras, e observando que o que elas trocavam ali é justamente um tipo de conhecimento que raramente é ensinado durante a formação dos profissionais, os fundadores da General Assembly viram uma oportunidade: oferecer exatamente esse tipo de conhecimento, as competências necessárias para o século XXI, como descreveu Gordon Macrae, que nos recebeu em Londres.

Hoje, a escola possui unidades espalhadas em 9 cidades, em 5 países diferentes (Berlin, Boston, Hong Kong, Londres, Los Angeles, Nova Iorque, São Francisco, Sydney e Washington D.C.), além de uma plataforma de cursos on-line, oferecendo vídeos com muito conteúdo e linguagem simples.

Então, o que você adoraria aprender?

O foco da General Assembly é o tripé tecnologia, design e negócios. Eles vêem essas competências como as mais relevantes para uma educação que “transforma pensadores em criadores” (como eles dizem no site), que prepara as pessoas para as oportunidades profissionais que estão aí. Como nos contou Géraud Mathe, se existem “apenas” 2 mil vagas de emprego disponíveis, a General Assembly vê isso como uma oportunidade, e não como um problema – e prepara seus alunos para abraçar essas 2 mil oportunidades. Géraud, por sinal, começou a carreira como auto-didata e depois de fazer alguns cursos na General Assembly, hoje além de desenvolvedor web, é professor na escola.

Com workshops (temas variados) e cursos (tópicos específicos) eles abrangem diferentes áreas, como desenvolvimento para web, design, comunicação, experiência do usuário e marketing digital. Esse repertório é aplicado às necessidades de projetos reais, ao melhor estilo “aprender fazendo”.

Nossa conversa com o Gordon

O perfil dos alunos que procuram a escola normalmente inclui jovens recém-formados, pessoas que já trabalham na área e querem se atualizar ou abrir seu próprio negócio. Ou, ainda, pessoas que vêm de áreas totalmente diferentes e querem mudar suas carreiras. Falamos com alguns alunos de lá e foi marcante ouvir gente formada pelas melhores universidades da Inglaterra que estavam buscando a General Assembly porque a formação acadêmica não lhes deu um conhecimento que eles podiam “aplicar no mundo real”, não lhes deu base para passar da teoria para a prática. A General Assembly aposta no outro extremo, na pegada mão na massa: qualquer um pode chegar lá sem saber nada de programação e em três meses vai conseguir, se essa for a sua escolha, programar um aplicativo web.

Interior da General Assembly

Por exemplo, ouvimos do Sharif Zu’bi que “hoje, qualquer um pode ter um diploma”, mas que ele sentia falta de saber mais sobre a parte tecnológica para poder criar seu próprio negócio. Ele tem mestrado em empreendedorismo tecnológico, pela UCL (University College of London), e era aluno da General Assembly na época da nossa visita.

E se grande parte da General Assembly é voltada para web e para o digital, conhecemos também outro estudante, o Adebamigbe Fasanmade, formado em ciência da computação, com mestrado em engenharia de software. Ele foi buscar na General Assembly justamente uma experiência mais prática – é legal ver que lá ele foi ter aula com  alguém que aprendeu a programar sozinho, que mesmo sem uma formação acadêmica tradicional construiu sua própria carreira e, depois de alguns meses de curso na General Assembly, hoje é professor lá – justamente o Géraud, de quem já falamos. Adebamigbe ainda nos deu o melhor exemplo do quão mão na massa é a General Assembly: a ideia é sair do zero e depois de uns 2 ou 3 meses se sentir capaz de programar aplicações tão complexas quanto um Facebook ou Twitter.

Recepção da General Assembly

Nessa comparação com universidades, a General Assembly surge como uma opção mais dinâmica (cursos imersivos de 8 a 14 semanas; para efeito de comparação, a graduação tradicional na Inglaterra dura, em média, 3 anos). Ainda, com essa estrutura enxuta, eles podem se valer de mais uma estratégia para melhor preparar os alunos para o mercado: nada de professores “de carreira”, por lá. Quem dá aula vem direto do mercado de trabalho, cumpre um contrato curto, de alguns meses, e depois retorna ao mercado de trabalho. Não há professores permanentes com cadeira cativa. Assim, o conteúdo discutido está em constante renovação e diálogo com o mercado.

Outro ponto importante é a força da comunidade que surge em torno da General Assembly – e muitos fatores contribuem para que essa rede continue forte e em expansão: alunos que possuem interesses em comum, professores que possuem ligações com empresas da área, parceiros de peso (como Google, Microsoft e McKinsey), e a própria estrutura da escola, espalhada em grandes centros e oferecendo cursos de curta duração. Tudo isso faz com que o número de oportunidades para quem passa por lá seja enorme, todos encontram portas abertas quando terminam seus cursos. Assim, fechamos a trajetória que ilustramos com o nosso infográfico:

Infográfico

A unidade que visitamos foi criada em Londres há menos de um ano, e é localizada em uma região central e descolada da cidade. O fato da sede ser em Londres atrai muitos estudantes de outros países que procuram oportunidades de emprego, principalmente como programadores. Como o Gordon nos contou, nos cursos em período integral, quase metade dos alunos (ele chutou 40%) é de fora da Inglaterra; já nos cursos noturnos, o mais comum é encontrar pessoas que tem seus trabalhos em Londres (normalmente ingleses), mas estão buscando algum tipo de mudança ou atualização.